O Surforeggae invade a Ilha do Mel. Saímos da cinza e agitada São Paulo para nos inserir no clima místico e tranqüilo da Ilha. O lugar é um "funil mundial", onde se acham pessoas de todo o mundo, japoneses, argentinos, italianos, etc, todos com os sentidos rendidos aos encantos das praias e caprichos da natureza lá encontrados. Saímos no último dia 14, as 23:00, e já no caminho, nosso ônibus já estava recheado de vibrações positivas para serem descarregadas na Ilha.
O cheiro vai mudando, purificando... alguns pontos com chuva na estrada, não foram suficientes para abalar o positivismo do pessoal que apostava no clima de paraíso. E estavam certos! Chegando próximo a balsa o sol já era "impiedoso" (ainda bem!)! Regados ao clima do Surf, Forró e Reggae, o ônibus foi tomado por Bob Marley, Jackson do Pandeiro, Gladiators, tocados num violão e cantado por todos alí presentes. Balsa, alguns minutos mais de ônibus e chega a hora de pegarmos o Johnny, barco que nos levaria a magnífica Ilha do Mel.
Impressionante ver a ilha crescendo diante dos olhos. Por mais vezes que se vá à Ilha do Mel, as sensações são sempre especiais. Hora de se acomodar e se misturar. Campings lotados, casas locais acomodam algumas pessoas, enfim a ilha estava tomada. Galera do Surf direto pra Praia Grande, onde se concentra a maioria dos praticantes do esporte, galera do Reggae e do Forró pirando nos sons que rolavam nos quiosques, nos bares e nas rodinhas de amigos. Pra ficar ainda mais especial, eis que na ilha, nos dias 15 e 16, teria dois grandes shows: Djambi no bar Zorro e Varal Roots na Parada do Surf.
Claro que o Surforeggae teve que dar a conferida! Ao chegar no Zorro, "Steppin’ Out" do Steel Pulse, já estava sendo tocada pelo Djambi. Daí já dava pra sacar qual seria a do show, Roots. A turnê pela Europa fez muito bem à galera da banda. Os caras estão cada vez melhores. Mandaram alguns sons novos, e as conhecidas pedradas como a "Keep this Feeling". O bar deu a louca de querer cobrar no show. Na Ilha do Mel? Dinheiro só para o mínimo necessário: estadia e comida.
E algum "garçom" de algum "bar" ainda fala: - "Pra vir para a ilha SÓ TENDO DINHEIRO". Pensamento ínfimo perto de tantas pessoas de caráter do local. Bem, no fim as portas foram abertas e o show do Djambi foi um estouro. Mas tinha mais reggae na ilha, e estávamos na captura. Um ponto mais "nativo" da ilha, a "Parada do Surf", estava se apresentando a banda Varal Roots.
Quem conhece sabe, os caras são do reggae consciente. Mandaram várias pedradas que alucinaram a galera. Cansados da viagem, nos recolhemos para fazer do sabadão, "O" dia. Uns na Praia Grande pegando onda, outros apenas dando uns mergulhos e curtindo a linda Praia de Fora. Próximo dali, estava a Gruta das Encantadas. Um capricho da Natureza. O Morro da Gruta é um imenso bloco de rocha magmática cortado verticalmente por um largo veio de basalto que, sendo mais macio, vem sendo corroído pela ação do mar pelo menos há 150 milhões de anos. A Gruta das Encantadas está envolta em lendas e histórias fantásticas sobre lindas mulheres que encantavam a todos que delas se aproximavam, como relatou o poeta Alberto Cardoso:
"Era uma vez... Dois olhos marinheiros entre o fluxo e o refluxo na paisagem retrataram: Ao clarão de um relâmpago numa gruta se escondiam as mais lindas sereias O mar com sua força bruta pelas gretas penetrou e aquelas virgens belas num só coito violentou Houve um silêncio profundo... e as nereidas possuídas os olhos cheios de amores cantaram suaves cantigas encantando os viajores Como todas as estórias depois do que se passou Gruta das Encantadas essa gruta se chamou."
Outros pontos da Ilha do Mel, na própria Encantadas, como a Praia do Sequinho, o Morro do Sabão, a Capela, que só dava pra ser vista a distância, a Praia do Miguel e o Canal da Galheta, precisariam de muito mais tempo para retratar do que os, praticamente, 2 dias que passamos por lá. Sem contar Nova Brasília com a Praia do Belo, o Morro do Meio, o Farol, etc. Nova Brasília é outro ponto magnífico da Ilha. Lá estão as Fortalezas da Nossa Senhora dos Prazeres e a da Barra, a Casamata com a Praça das Armas, que tem canhões instalados à época da Segunda Guerra Mundial, e o Mirante.
Na madrugada do dia 17, antecedendo nossa partida, no bar "Guia Ilha do Mel", fizemos uma roda de violão fantástica. Nela estavam gente de vários cantos do Brasil e até uma regueira da Inglaterra. Um gaiteiro colou na roda e, com os dois violões, levamos o "Vampiro Doidão" mais alucinado do mundo! O som rolou até as 7:00 da manhã. Chega ao fim nossa breve estadia na Encantada Ilha do Mel. Aonde pessoas especiais vêm e vão... e algumas ficam por lá, como os simpaticíssimos Paulo e Denise e toda a diretoria do Guia Ilha do Mel, a Galera do bar Encruzilhada, que serve uma salada deliciosa, a paciente e alegre, Margareth, e o seu lotado camping, o Enah-ha, regueiro que estava vendendo várias pedradas em CD (valeu pelo seu trabalho e pelo Earth Crisis do Steel Pulse), e a todos que fazem desta ilha um lugar iluminado e acolhedor.
"Essa viagem é totalmente dedicada a DECO, irmão de nosso amigo Renato Roschel do Surforeggae, que nos deixou no último dia 06/11."
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Fonte: Equipe Surforeggae
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