Diamba, bagulho, bengue, birra, diamba, dirígio ou dirijo, erva,fuminho, fumo, fumo-de-angola, manga-rosa, massa, mato, pango, riamba, tabana-gira, soruma, barunfo. O número de sinônimos de maconha dados pelo Aurélio, aparentemente, só perde para o de usuários. Mesmo não sendo oficialmente liberada, a erva é cada vez mais parte integrante dos shows e festas brasilienses. A própria polícia admite que não reprime os usuários, preferindo concentrar as ações nos traficantes.
"Se tirarmos os traficantes das ruas, diminuiremos o consumo de drogas", prevê o delegado chefe da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, Aluísio Gonçalves. Autoridades de todos os níveis preferem fazer vistas grossas ao consumo da erva. Foi assim na primeira apresentação de um show de Gilberto Gil em Brasília, depois de empossado ministro. Na noite de sábado, no Camping Show, raros eram os espaços onde não se sentia o cheiro de baseados (cigarros de maconha) nos mais variados tamanhos.
Políticos presentes, que conviveram com as nuvens de fumaça emanadas do meio de 10 mil pessoas, mantiveram-se neutros, evitando comentar a "liberalidade" do espaço. Até Gil, chegado a manifestações polêmicas, preferiu não dar muita bola para uma faixa que pedia Ministro Gil, lute pela legalização. "Até porque a área do ministro é Cultura e não Justiça", brincou um gaiato, que pediu para não ser identificado.
Para incentivar ainda mais o consumo no local, a noite de reggae contava com o Andrew Tosh – filho do lendário Peter Tosh – um dos músicos que difundiram a cultura jamaicana para o mundo. No pequeno país, do Caribe, a filosofia rastafari defende a utilização da maconha como forma de aproximação com Jah (Deus para os adeptos). Com ou sem religião, muita gente no camping aderiu ao movimento.
A segurança revistava, como de praxe, mas não o suficiente para evitar que o consumo de substâncias menos "ortodoxas" se fizesse presente. Nem para coibir que menores de 16 anos – idade limite para entrar no evento – tivessem os primeiros contatos com a maldita. O delegado Aluísio Gonçalves revela que a repressão ao usuário não é o foco das ações dos agentes. Segundo Aluísio, o policiamento ostensivo, feito pela Polícia Militar, é o responsável pela detenção de usuários.
Para a professora do Instituto de Psicologia da UnB, Maria Ines Gandolfo, a maconha não é mais marginalizada nem reprimida como antes." A maconha caiu na normalidade. Deixou de ser transgressão", comenta. Em uma festa em que as transgressões ficaram restritas ao consumo exagerado, a polícia teve pouco trabalho. Não foram registradas brigas. "É assim mesmo, reggae na cintura e beck na cabeça", dizia uma jovem de, no máximo, 18 anos, mas com muitas "viagens" para narrar.
Fonte: Jornal de Brasília
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