A Cultura das Sound-Systems nasceu na Jamaica e é hoje muito conhecida no Brasil através do Maranhão, onde são chamadas “Radiolas”. Na verdade, o sistema é composto por enormes paredões de som, uma infinidade de Compactos/Vinis do Ritmo e DJs (Toasters) ou MCs, que fazem versões na maioria das vezes improvisadas sobre essas músicas clássicas do Reggae, principalmente DUB/ROOTS/DANCEHALL/SKA que vão sendo executadas ao fundo. Essa é a teoria, e a prática foi muito bem demonstrada nesta edição do Tim Festival.
Abrindo a noite, muita irreverência e palavrões disparadas contra todos. Esse é o estilo De Leve, que fez seu show na abertura do palco Motomix. Com suas músicas cheias de revolta, De Leve chocou e divertiu quem foi ao show. O peso começou logo na primeira canção "Pra Bombar No Seu Estéreo" e o som contra ao consumo indiscriminado de álcool é o tema da animada "Caipirinha Man". Um dos pontos altos foi "Piratão", que defende a pirataria de discos de artistas famosos. Sobrou para muitos artistas pops, mas isso não preocupa De Leve, pois como diz o título de seu CD, o Estilo é F***-se.
A Stone Love deu um toque jamaicano ao festival eletrônico, só que a apresentação do combo antes das sounds nacionais foi um tremendo equívoco, pois seu set musical foi em sua grande maioria disparando hits de Bob Marley, imaginando que outros artistas do reggae não sejam conhecidos por aqui, não causando tanta estranheza. Os hits de Marley serviram de certa forma para acordar o público já cansado da madrugada por conta dos atrasos. Para ajudar na empolgação da platéia, o MC se agitava à frente dos DJs que despejavam batidas e outros ritmos caribenhos. Apesar do frio da madrugada, o som do Stone Love levou o clima tropical para o festival.
Apesar do frio e de alguns problemas técnicos no som que prejudicaram as apresentações das duas últimas atrações da segunda noite do TIM Festival 2004, estas foram realmente as que representaram dignamente a música jamaicana em Sampa.
O DigitalDubs usou e abusou de ecos, efeitos e rimas, percussão envolvente e Nelson Meireles mandando o baixo com muito peso para a galera presente. O vídeo no telão ajudou a massa a esquentar o corpo no balanço e batidas das gigantescas caixas de som. Uma tremenda performance.
O Bumba Beat subiu ao palco praticamente com o dia às claras, mas já iniciou com sons arrasadores. Bidu Cordeiro acompanhando no trompete maravilhosamente, Celso Borges, poeta maranhense, mandando as rimas e poesias nas bases dub, e sequencias belíssimas de imagens exibidas nos três mega telões do palco Motomix, botaram fogo na galera que não iria dar um passo enquanto a apresentação não terminasse. Infelizmente, no meio de seu setlist, em uma tremenda falta de respeito dos organizadores, o show foi encerrado abruptamente com o sistema de som sendo desligado e as luzes sendo acesas, clara intenção de convidar o público a se retirar...
Apesar dos protestos o cansaço era maior, e resolveram apenas aplaudir a meia apresentação do Bumba e correr pra casa. Só nos resta agora aguardar os próximos capítulos desta histórica noite e aguardar pelos bons frutos das ótimas apresentações, pois com relação ao Festival, cabe protesto por escrito de todos pela falta de camaradagem dos magnatas.
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Fonte: Equipe Surforeggae - Luiz Reggae Soul
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