Tudo me leva a crer que essa onda de reggae em São Paulo é apenas um modismo passageiro. Hoje em dia na cidade de São Paulo, temos muitos shows e eventos, muitos artistas surgindo, e outros se reerguendo. Penso assim porque sempre que vou aos shows da cidade, vejo a multidão muito mal informada... basta tocar artista que sempre estão nas rádios mais populares como O Rappa, Planet Hemp, Bob Marley que galera se acende, começam a pular uns em cima dos outros como um show de Hip Hop (nada contra o Hip Hop), mas creio não ter nada a ver com o estilo reggae, a não ser pela luta contra a opressão.
Isso muitas vezes gera brigas e desentendimentos. Agora, se tocar algumas raridades do reggae internacional ou mesmo do nacional, a galera parece vaiar e pedir eles de volta. Acho a relação do reggae com a maconha um erro, assim muitos vão aos shows apenas porque é liberado, falo isso porque tenho muitos amigos que vão apenas para fumar sem serem incomodados... é fato! Isso deixa o reggae banalizado, assim como o forró que agora se chama, “Forró universitário”. Só faltam criarem o “Reggae universitário”!
As pessoas acabam por não irem atrás de suas raízes e ver o quão belo é a sua cultura e história. Mas sempre costumo tirar coisas boas do que vem acontecendo no reggae paulista, como: 1) Bandas de ótima qualidade podendo mostrar seu valor. 2) Bandas de outros estados sendo conhecidas por aqui. 3) Movimento crescendo cada vez mais no Brasil. 4) Pessoas aprendendo com reggae e ficando com a passagem do modismo.
O reggae em São Paulo ainda está engatinhando, como em todo o Brasil. Mas uma coisa é certa: quando passa uma moda, muitos se aderem e ficam, crescendo e fortalecendo ainda mais o movimento... mas enquanto isso ....
Veremos o grande Burning Spear abrindo show para Pato Banton. Veremos anúncios de Gladiators e Max Romeo sendo cancelados, dias antes de suas apresentações. Veremos Gregory tocar apenas 1 hora porque não pagaram seu cache. Veremos a maioria ir embora no festival internacional de São Paulo depois de tocarem Tribo de Jah e Planta e Raiz, e não assistirem apresentações fantásticas de U-Roy, Sylvia Tella e a grande Fully Fullwood Band. Veremos um grande festival nacional de reggae, sucesso de público, acabar em pancadaria. E assim vai...
Conclusão: Reggae em sampa e no Brasil ainda está engatinhando, quase ninguém sabe trabalhar com o reggae, falo da divulgação... e os que sabem não tem poderes para isso. Quero sim que o reggae tome conta de tudo, quero ver artistas que admiro muito tendo seu espaço na mídia sem perder suas raízes, posso citar alguns aqui que representam muito bem o reggae paulista, artista que levam a filosofia, a cultura e a história do reggae para suas músicas, como Afetos, Reggae Style, Leões de Israel, Walking Lions, Vibrações de Jah, Rastafari mix e muitos outros.
Fonte: Renato Surforeggae
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