03/09/2002
O desfalque do mestre Lee Perry e tudo sobre o grande evento "Dub Mamute" no Sesc Pompéia!
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O festival que aconteceu em São Paulo, dias 30, 31/08 e 01/09/2002, no SESC POMPÉIA, foi um misto de emoção e decepção. Confirmado como atração principal nos três dias, LEE PERRY jogou um banho de água fria nos admiradores de sua arte ao cancelar sua vinda ao BRASIL de última hora. Escalado para finalizar a RAVE ECOLÓGICA na Amazônia, SCRATCH não compareceu. Sua falta não foi muito notada na festa conhecida mundialmente, já que sua participação não era tão especial quanto no festival.

No começo da semana, sua produção entrou em contato com o SESC Pompéia, informando que o mago do dub só viajaria num vôo direto da Suíça(onde mora com sua mulher-enfermeira) para São Paulo, sem escalas. Lee Perry afirma que, ao pegar sua passagem aérea(já na quinta-feira, véspera do primeiro show), as letras se embaralharam passando uma mensagem, dizendo que havia uma maldição esperando por ele aqui no Brasil, e que por isso sua participação estava cancelada.

Chegou-se a comentar também, que Perry não sabia que o Brasil estava em ano eleitoral, e logo que soube cogitou a idéia de não participar do evento. Mas a hipótese mais real é a de que o cantor esteja com algum impedimento físico, já que agora é um senhor de 66 anos e não mais o homem que tanto abalou estruturas de palcos por todo o mundo. Quem viu seus últimos shows com Mad Professor afirma que sua participação resume-se ao vocal, deixando toda a parte musical com seu pupilo e sua banda de apoio, The Robotics, formada apenas por baixo, bateria e teclado.

Alguns dizem que Lee Scratch manteve sua fama ao não vir, que daqui a alguns anos esta será uma estória memorável. De certa forma, existe uma lógica nesta linha de raciocínio. O mito continua, muitos de nós não viu e nunca verá o mestre em ação. Ou seja, a excitação de vê-lo ao vivo e a cores continua presa em nossas mentes, mantendo a chama da lenda acesa. E toda vez que ouvirmos algum fruto dessas mãos mágicas, ficaremos pensando como seria presenciar um momento tão extasiante como este.

DUB MAMUTE


Sexta-feira, dia 30/08/2002, os amantes do DUB dirigem-se ao SESC POMPÉIA, com a mais fina esperança de ver um dos pioneiros do estilo. Com boatos da possível falta da estrela da noite, muitos devolveram seus ingressos. Mas boa parte pagou pra ver e não se arrependeu. A idéia do festival era reunir algumas vertentes do DUB, que já é uma vertente por si só. Reggae, Drum and Bass e elementos do Funk e Rap conviveram em harmonia neste final de semana.

Agora os holofotes se viram para Mad Professor. Com a ausência de sua maior influência, o professor maluco roubou a cena, fazendo DUB com a LEE PERRY ORCHESTRA. Seus shows tiveram praticamente duas horas em cada uma das três apresentações. Sem aparentar cansaço em nenhum momento, Mad Professor apresentou-se sozinho na primeira hora da sexta-feira, entrando com a banda na segunda parte. De acordo com sua produção, o instrumentista achou a platéia muito fria durante sua apresentação solo, e por isso no sábado e no domingo entrou direto com a orquestra.

É claro que seus dotes se revelaram muito mais em seu show solo, quando se aproveitou apenas do som cru para mixar bastante tentando aquecer o público. Mas os shows seguintes não deixaram a desejar, já que como ele mesmo disse, veio para mostrar que o DUB faz as pessoas felizes. E foi o que realmente aconteceu. As pessoas se soltaram mais, dançando bem próximas ao palco, que é baixo e praticamente na área da platéia. Essa quase "intimidade" com os músicos relaxou o público que se intimidou com as bandas de abertura se retraindo nas cadeiras, limitando-se apenas a bater os pés num gesto quase cadenciado.

O público que foi para se divertir, achou o primeiro dia mais fraco, mas foi quando MAD PROFESSOR se mostrou mais artista, impressionando com seus efeitos prá lá de especiais. Nos shows seguintes, ele se mostrou prestativo à banda, colaborando com o baixo e a bateria, que mandaram muito bem. O teclado e seu condutor foram uma atração à parte.
As outras atrações ficaram meio que pra escanteio, apesar de apresentarem um bom trabalho. O Dj Yellow P mostrou muita competência, virando bases perfeitas e mixando dubs que entortaram a voz do MC Black Alien. O Dj foi o grande destaque do festival, após a grande estrela.

DRUMAGIC realmente é ouro da classe, um ótimo trabalho. MAX B.O. mostrou que sabe rimar com qualquer coisa. Pediu o R.G. da galera e rimou nos nomes, datas e até localidades. Academia Brasileira de Rimas. B-NEGÃO com sua nova banda, mandando um funk a lá FCLG. Achei muito interessante, mas não consegui encaixá-los na festa. Desculpe. Pra fechar a festa no domingo, a banda e o mestre regente entraram em cena, de mansinho. Arrumaram todo o palco, como se fossem roadies. Todo mundo fingiu que não viu, só aplaudindo quando MAD PROFESSOR pegou o microfone e mandou um BOA NOITE. Foi contagiante. Eles estavam mais soltos e se mostraram felizes.

A galera reagiu positivamente, respondendo a todas as inquisições. Sábado e domingo foram bem mais interativos. Músicas como SOUL FIRE(em nova roupagem), CURLY LOCKS, WAR INNA BABYLON, OPEN DOORS, JAH RASTAFARI(poderosa) e várias outras fizeram a galera cantar num coro lindo, emocionante. Quem pegou o dinheiro de volta, já pode chorar. O consolo, uma seção só de PERRY, fez até o tiozinho da iluminação sorrir. E vou dormir por um bom tempo com os pés pulsando a mesa do Professor-Aluno.


Fonte: Luana Torres





'Lee Perry'


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