25/01/2004
Red Meditation dá entrevista emocionante ao Surforeggae! Não deixe de aprender com essa autêntica lição de vida!
 
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Encantado e com sensação de ter passado por uma experiência única. Certamente é assim que você, visitante do Surforeggae vai se sentir após ver com os próprios olhos as palavras aqui ditas pelos integrantes da banda Red Meditation. É a nova geração de Rastafaris que mostram a que vieram, sempre falando de fé, respeito e verdade. Tenho certeza de que você aprenderá muito com o que está aqui, e assim como eu, possa compartilhar o conhecimento e as belas palavras aqui proferidas com outras pessoas.

A ENTREVISTA


Rafael – Como foi a formação da Banda? Como se deu ? De onde começou ?
Popó: Começou de onde tudo começa, de Jah. A Red Meditation começou com Ras Carlos, um dos Rastas mais antigos de Salvador que trouxe a música reggae pra cá. A gente se encontrou e começou a fazer o som lá em casa, a uns 5 anos atrás. Depois fomos nos aprimorando cada vez mais, até chegarmos a essa formação de hoje. Após diversas experiências viemos parar no estúdio. A galera queria muito fazer acontecer, mas não tinhámos recursos, estúdio musical. Na primeira gravação que fizemos com essa formação, fixamos um trabalho.

Rafael – De quem foi a idéia do nome Red Meditation e porque o nome?
Popó: Foi de Ras Carlos a idéia, e Red Meditation porque queríamos deixar claro para as pessoas o fundamento de estarmos juntos, estar sempre meditando, buscando a palavra de Deus. Teve um tempo até que fomos tidos como loucos, falavam que nós vivíamos pregando, era música de crente. Red Meditation é isso, muita meditação. Antes a banda se chamava “Red Jesus Meditation”, depois mudamos.

Ricardo: Red no Patois Jamaicano quer dizer chapado

Rafael – Quais são as principais influências?
Popó: Tudo que fala de Jah nos influencia.

Ricardo: Eu, como músico, como baixista procuro sempre a origem, a raiz do reggae, tanto no espírito como no musical, pra mim pra fazer o Reggae, que não é simplesmente uma música, é louvor a Jah, o músico que faz o reggae tem que estar no espírito, não adianta ele procurar conhecimento em bases musicais, em batidas, levadas se ele não tiver Jah dentro do coração, pois quem vai ensinar o Reggae a ele é Jah, não é Sly & Robbie, Aston Barret, Bob Marley, quem vai ensinar é Jah. A gente ouve tudo, principalmente o Reggae que estão pregando Jesus Cristo, o Rastafari no caso. Pessoas como Luciano, Bob Marley, tudo sem exceção. O conhecimento que a gente busca é a sabedoria divina mesmo, o nyambinghi, a raiz.

Rafael – Quem escreve as letras atualmente? Quem faz as músicas?
Ricardo: As músicas da Molly, ela sempre vinha com a letra, e a gente arranjava, colocava a harmonia. E agora as músicas do Popó, ele faz as músicas, o Vicente também, a gente faz música em conjunto, praticamente todos compõem.

Popó: É um conjunto mesmo, cada um faz uma parte, a gente sempre tá junto compondo.

Rafael – Como vocês se sentiram fazendo parte da banda de apoio do Pato Banton? Um cara que é bem conhecido no mundo todo. Já tiveram alguma experiência como essa?
Ricardo: Foi uma experiência muito legal. A gente ia acompanhar The Itals, mas aconteceram uns problemas de passagem e eles não puderam vir. Mas, o lance com o Pato Banton foi legal, principalmente por ele ser um Rasta também, estar na onda de Jesus Cristo também, e foi legal ele vir pois ele pôde ver que aqui existem Rastas também, e apesar da confusão que aconteceu, mas ele viu que existe uma galera que está buscando, pelo menos da gente ele levou essa imagem. Enquanto que já vieram outros e não viram tantas bandas rastas, viram mais bandas da moda. Foi positivo pois explicamos pra ele, que aqui tem uma galera lutando por uma filosofia verdadeira, querendo passar o reggae verdadeiro, que passa a mensagem de Jah, que dá exemplo, que não é só falar, é viver.

Rafael – Vocês passaram em São Paulo 7 meses, como foi essa experiência de passar esse tempo em um lugar diferente, pessoas diferentes, público diferente, estilos diferentes?
Popó: É sempre bom. Cada dia pra mim é uma surpresa que Deus faz na nossa vida. Eu já tinha quase certeza que isso ia acontecer, Jah ia nos colocar num lugar para cantarmos pra mais pessoas, num lugar mais organizado, com estrutura melhor.

Ricardo: A gente aprendeu muito também, e viu a necessidade que existe não só aqui em Salvador, mas em todo lugar, a carência das pessoas, a falta de amor que elas precisam... elas precisam ouvir uma mensagem verdadeira. São Paulo eu acho que é a Cidade mais amaldiçoada do Brasil, é onde o povo está precisando mesmo do exemplo de Jesus Cristo.

Rafael – E entre o público de São Paulo e Salvador, quais foram as principais diferenças que vocês perceberam?
Vicente: Aqui em Salvador, por ser uma cidade praiana, e por ter a maior população negra fora da África, a gente tem mais uma ligação com o reggae, uma vivência, e lá em São Paulo é mais difícil, pois lá é capitalismo selvagem mesmo, é muito maior.

Rafael – Qual foi o maior público que vocês tiveram lá?
Ricardo: O maior público que tivemos lá foi, acho que umas 3 mil pessoas.

Vicente: Aqui também, a gente não toca muito, porque não tem muitos lugares.

Rafael – O espaço aqui em Salvador é bem restrito pras bandas que fazem o Reggae mais raiz... aqui tem mais espaço pra quem está na mídia.
Ricardo: A mídia daqui é cheia de controvérsias, na maioria das vezes o que está em evidência não é o que tem qualidade.

Vicente: Aqui em Salvador tem três ou quatro lugares, e lá em São Paulo uns quinze.

Rafael – Como foi o primeiro contato de vocês com a música?
Ricardo: Eu comecei tocando violão aos 11 anos, minha mãe me deu um violão, uma professora de Religião. Depois aqui em Salvador comecei fazendo samba de roda, um samba que já existiu a muito tempo aqui, o samba do recôncavo, depois conheci Vicente e começamos a tocar juntos em bandas de Funk, Instrumental, e o Reggae sempre presente na vida da gente, ele já tocava em outras bandas, quando eu o conheci eu ainda nem tocava contra-baixo. Começamos a tocar Reggae juntos, e quando nos unimos não nos separamos mais.

Rafael – Já que vocês tocavam outros estilos, porque escolheram o Reggae?
Ricardo: Eu, sinceramente foi porque vi a verdade no Reggae, não que as outras músicas não tenham verdade, mas o Reggae é uma música de sentimento, de louvor a Jah. Gosto muito de Jazz, Funk, mas Reggae é música espiritual, de libertação, então ele me toca da forma mais profunda que as outras músicas não tocam. Eu gosto do Jazz, tenho no meu coração, mas o Reggae tenho no meu espírito, no sangue, é muito mais forte.

Rafael – Qual a proposta de vocês hoje? O que vocês pretendem?
Vicente: Nosso principal objetivo é conquistar o públioa para Jah mesmo, não pra ter sucesso, nada. Temos muita vontade de fazer uma Associação Reggae aqui em Salvador, organizar o Reggae aqui, pois o Reggae aqui está precisando muito de organização. E fazer trabalhos sociais, nosso maior objetivo é esse, é usar a música, o dinheiro que a música nos trouxer pra ajudar os pobres, toda essa galera. Não só com dinheiro, porque dinheiro não traz tudo.

Popó: Temos que buscar Jah, e todas as outras coisas serão multiplicadas naturalmente..

Vicente: Tem muita gente que ajuda financeiramente, mas esquece de ajudar com o alimento espiritual.

Rafael – Como foi a gravação do primeiro CD de vocês?
Ricardo: Foi ao vivo no estúdio, como um ensaio.

Rafael – As músicas que vocês gravaram já tocavam a muito tempo?
Ricardo: Já, as músicas de Molly já vem desde as primeiras formações.

Popó: Ela foi uma das primeiras vocalistas da Red Meditation.

Rafael – Quem foi o primeiro vocalista?
Popó: Ras Carlos

Ricardo: A gente fez quatro faixas nesse cd, e o restante já vinha tocando, já tocava lá na California também, o cd foi independente, cada um deu uma ajuda, a gente sempre foi independente até porque os apoios que a gente procura é Jah mesmo, é Jah que coloca e são poucos que se dão pra ajudar verdadeiramente. Os que vem por interesse a gente não dá chance.

Rafael – Qual a sensação de tocar na “Rocinha”, um dos lugares mais místicos do Centro Histórico de Salvador?
Vicente: A Rocinha é o nosso Quilombo do Reggae na Bahia, a gente tem que tirar o chapéu, ali é a Central do Reggae aqui em Salvador, gostamos muito de tocar lá

Rafael – Houve até um boato que estavam querendo acabar com a Rocinha, vocês sabem algo sobre isso?
Ricardo: Eu acho que, é como o Alumínio falou, os hipócritas nunca vão querer ouvir a verdade, e onde há verdade, eles vão querer sabotar de qualquer forma. Quem quer acabar com a Rocinha é o Sistema, é o Governo, pois eles não ganham nada com aquilo ali. A Rocinha é feita por uma comunidade, e é dividida entre os músicos que são humildes e dependem daquilo ali, então aquilo sustenta uma comunidade. Pela pequena organização que existe, ainda não é possível combater o Governo, o Sistema. Então, é uma luta, mas como te falei, a luta não é só da Rocinha, Bem Aventurados ou de Red Meditation, é a luta Universal. O Pato Banton veio pra cá e também foi envergonhado, foi usado do mesmo jeito pelo sistema, então não é só a Rocinha, é o Reggae, é a verdade que é usada.

Vicente: É a luta do bem contra o mal, se a gente tivesse lá tocando pagode pra eles ia ser uma maravilha, acho que o Governo ia até investir.

Rafael – Além da música, o que mais vocês fazem?
Ricardo: Temos o projeto da associação, a Red Meditation não é só uma banda, pretendemos no futuro ter um estúdio, gravadora, produtora, tudo em nome de Jesus, através da Red Meditation. Fazer obras sociais, shows beneficentes, então a Red Meditation é muito mais do que uma banda, temos projetos.

Popó: É uma comunidade.

Ricardo: A Red Meditation é um guerreiro que vai pra São Paulo, vai pra Califórnia, vai pra todo canto do mundo procurar contato e força pra voltar pra nossa casa e ajudar quem precisa.

Rafael – Vocês ensaiam muito ? Ou já são bem entrosados e não precisam tanto?
Ricardo: Pra gente conseguir esse entrosamento, ensaiávamos todos os dias.

Rafael – Vocês se entendem bem, isso eu já vi.
Ricardo: O baixo e bateria é a alma do Reggae. A gente já tocou muito com Kamaphew, tem a Mowabesa que é um trabalho Rasta, um trabalho sério que estamos tentando colocar pra frente. Já acompanhamos vários artistas, como Geraldo Cristal, Bem Aventurados.

Vicente: Estamos sempre ensaiando e compondo, aí fica fácil.

Rafael – O que vocês acham do Movimento Reggae em geral do Brasil ? E dos lugares que vocês passaram, quais foram as principais características que vocês perceberam?
Vicente: O Reggae aqui no Brasil é uma coisa nova, não é como lá fora, porque lá tem muito mais informação do que aqui. Aqui o movimento Afro é grande, a África Profana, Candomblé, a África Sagrada, Etiópia, esse movimento aqui ainda é novo, está acontecendo mas tem um futuro promissor. Ainda está naquela de festinha, vamo fazer uma bandinha de reggae, muita banda que fala coisas que não educa ninguém, mas é porque o movimento tá no início, ainda é uma criança.

Popó: E a maioria das informações mais profundas está em inglês, e aí tem um pouco de dificuldade do povo saber o que acontece.

Ricardo: O povo que tem o poder aqui não interpreta o que eles falam. Eles interpretam só a levada, a batida, mas a palavra, a mensagem.... não generalizando, pois existem bandas que têm o compromisso. Mas a maioria tá mais confundindo do que explicando. Nós ficamos tristes com isso, nós que seguimos a virtude. Jah que conforte todos nós cada vez mais e dar sempre apoio pra gente não desistir. Se eu tiver que morrer por isso, morrerei em nome de Jesus, assim como Peter Tosh, Bob Marley, todos levantaram a mesma bandeira, foram julgados, mas hoje são honrados. E as mensagens que eles tentaram passar, até hoje estão vivas, é eterno.

Vicente: O que acontece aqui é que eles gostam do Reggae, mas não gostam do Rasta. Quando vão pro lugar mesmo, da vivência Rasta, o preconceito aparece.... mas isso vai acontecer, vai ficar muito forte o movimento.

Ricardo: Tem também a confusão de dizer que Rastafari é uma coisa e a Bíblia é outra. E não é, Rastafari vive Jesus Cristo, Rastafari alertou o mundo todo para o exemplo de Jesus Cristo. E essa informação não é passada. Várias vezes já saimos como maluco, cabeludo, “drogadito”, até o lance da Ganja é mal interpretado e mal informado.

Vicente: Outra coisa importante é que a Sociedade vê o Rasta como adoradores de Selassie, Tafari Makonen, e ele todavia só falava em Jesus Cristo. A gente adora ele ? Não, mas a gente honra ele, pois até hoje não teve um cara, nenhum Presidente de nenhum País que governasse em nome de Jesus Cristo.

Ricardo: E que alertasse tanto o povo pra bíblia, além de ser da mesma raiz de David, Salomão, ser profetizado por um batista, assim como um batista profetizou Jesus. Marcus Garvey era batista e profetizou Ras Tafari. Então, ele veio e não desfez nada que Jesus falou, se ele viesse e desfizesse, Amém ! Mas ele só confirmou o que Jesus falou e alertou o povo para que seguisse aquilo ali. Mas essa informação é confundida pelo Sistema, ninguém quer saber disso. Eles querem saber do Papa, das Igrejas que comandam “entre aspas”, pois eles comandam os que são escravos. É tudo pra confundir, só quem sabe da verdade é quem a busca, pois a verdade está dentro de você. Você identifica o que é verdade e o que é mentira.

Vicente: Outra coisa interessante é que ele traduziu a Bíblia das escrituras antigas que estavam em Aramaico, para o povo entender o ensinamento de Jesus Cristo.

Rafael – O que vocês acham dessa associação que é feita do Reggae com a erva, de ver a música Reggae como uma coisa de drogado?
Popó: A falta de informação mesmo. As pessoas, vamos dizer assim “estão fumando antes de saber”. No gênese, no começo deus fez as ervas pra servir não de brincadeira. Por isso que muitos deles ficam loucos, fumando demais sem saber o propósito, sujando a identidade dos Reis. Falando de uma coisa que não tem conhecimento.

Vicente: A erva é uma coisa tão benigna, pode ser feita tanta coisa com ela e eles só vêem esse lado.

Rafael – É uma forma de discriminar uma música, um movimento que como vocês falaram procura sempre levar a verdade.
Ricardo: Pela erva ser proibida aqui, eles usam disso pra vetar o reggae. Mas se a gente não fumasse, eles iam inventar outra coisa. E se não existisse a erva ? Então é por causa do cabelo. Ah, e se não existisse o cabelo ? Então é por causa da barba. É por causa do que ? É por causa da verdade. E a informação da erva aqui no Brasil é muito pouca. Todos países de fora já sabem do lado benéfico da Ganja. Tem muitos países que é proibido fumar a ganja, mas eles sabem de tudo. Sabem que a ganja cura o câncer, é usada no tratamento de glaucoma, têm várias formas de ser usada, como roupa, entre outras. Nós rastas usamos ela como meditação. Eu vou fazer uma comparação, mas uma comparação errônea. É como uma pessoa que degusta vinhos, ela bebe aquele golinho de vinho e pronto. Mas o álcoolatra é diferente. Então às vezes eles igualam a gente às pessoas que usam sem controle, sem a informação, sem saber o que é a ganja, vem de onde ? pra que serve ? o que ela faz com nosso corpo ?

Vicente: Por isso é importante que as bandas de Reggae passem a informação verdadeira. Muitas vezes essa associação acontece porque as bandas que estão aparecendo mais não passam informação sobre a ganja. É apenas, vamos fumar, “fogo na babilônia”.

Ricardo: Até esse termo “Fogo na babilônia” eles dizem que é pra você acender um baseado, mas “Fogo na Babilônia” é você falar a verdade, desmascarar a Babilônia, botar fogo no Sistema, isso é Botar “Fogo na Babilônia”

Vicente: Até porque a erva não é babilônia, é ganja.

Ricardo: Nós não falamos maconha, nós falamos erva, ganja, canabbis. Maconha é um nome que só existe aqui, implantado pelo sistema para distorcer todo o bem que ela tem.

Rafael – O que vocês pensam a respeito da pirataria?
Popó: É uma forma de ajudar as pessoas necessitadas. Pirata é o rótulo que eles colocaram.

Vicente: Na verdade, o artista nunca ganhou com venda de disco. Quem ganha é a gravadora. O artista ganha com os shows, então nós somos a favor da pirataria. É bom pra gente, pois quanto mais pessoas ouvirem o nosso trabalho, mais pessoas vão querer ver a gente tocando ao vivo.

Ricardo: E é bom também pra algumas pessoas que “fazem” a pirataria, pois são pessoas humildes, os camelôs, são pessoas que não tem opção, eles sobrevivem com aquilo, então a pirataria sustenta muitas famílias que as gravadoras não sustentam.

Popó: É a distribuidora mais versátil que existe.

Ricardo: E são pessoas que fazem com sinceridade, pessoas humildes que dizem quando gostam e não gostam. E a gravadora não, pegam o que gostam e o que não gostam, o que presta e o que não presta e vendem. Na verdade eles são Fascistas. E estão se afogando na própria lama.

Rafael – O que vocês acham de hoje a Red Meditation ser considerada uma das bandas de Reggae mais “raiz” do Brasil.
Ricardo: Pessoalmente, agradeço a Jah por isso. Pra mim não existe melhor, todas as bandas são boas, elas só precisam se encontrar. Pra fazer o Reggae você tem que estar no espírito, ler a bíblia e viver o que está ali escrito. A verdade não vai poder ser ocultada, quem falou isso não foi eu, foi Jah.

Vicente: O Reggae é isso, o reggae é louvor, falar desse amor, dessa força. Eu fui tocar Reggae pois foi a palavra de Jesus Cristo que me conquistou no Reggae.

Ricardo: Não é nem o reconhecimento da Babilõnia com a gente, é o Reconhecimento de Jah, ele está separando o joio do trigo. Está mostrando que não existe só uma galera “Festa”, existem Ras Ciro Lima, Bem Aventurados, mas muitos já estão cansados de lutar tanto. Nós somos jovens, somos a nova geração e vivemos os Ensinamentos de Jesus Cristo.

Popó: A comunidade do Reggae de São Paulo não está acostumada a ver o Reggae Rasta, e aqui a gente está acostumado com os Rastas mais antigos, e isso vem se atualizando, estão surgindo os novos Jovens Rasta, uma nova semente foi plantada.

Ricardo: É bom ser valorizado, damos glórias a Jah mesmo. As pessoas que ainda tem sentimento sentem isso, graças a Jah. Mas não somos os melhores, todos podem. Não existe você, não existe eu. No nosso meio existe eu e eu, então você sou eu e eu sou você, então eu não sou melhor que você, nem eu. Cada um tem seu tempo.

Rafael – Voltando à questão do movimento aqui na Bahia, vocês acham que existe algum tipo de discriminação das Bandas que estão aparecendo, com as bandas que como vocês tentam levar a mensagem, a verdade? As pessoas que fazem o Reggae são desunidas?
Ricardo: Isso é delicado.

Popó: Isso é delicado... A maioria das vezes a gente se encontra só no palco, então falta um entedimento. A gente não tem nem tempo de conversar, pra chegar pros irmãos e trocar uma idéia assim como a gente tá fazendo aqui agora. A gente está na onda divina, nosso lance é amontoar tesouros espirituais. Não sei se há discriminação não, é falta de contato mesmo.

Ricardo: Mas com certeza está muito desunido, pois se fosse unido o movimento estaria bem maior. E as bandas que estão na frente é como o Vicente falou, eles gostam do Reggae, mas não gostam do Rasta, e eles usam a música dos Rastas, e muitos, ou melhor, a maioria dessas bandas que tão na mídia não sabem da metade da história, de quantos morreram e quantos ainda morrem pra defender isso.

Ricardo: Viver Rastafari é viver Jesus Cristo de uma forma natural, sem Igreja, sem idolatria, completamente viver o que tá escrito na Bíblia mesmo, não só de palavra, de ação de obras. Rastafai não é uma doutrina, não existe uma igreja rasta, existem congregações, existem casas onde a gente se reúne, mas é uma forma natural, é a forma de viver Jesus Cristo. Nós não temos pastor, eu sou o meu pastor, você é o seu pastor, vivemos os ensinamentos de Jesus Cristo.

Ricardo: A gente não procura auto-promoção, mas a gente procura divulgar o nosso testemunho, a nossa vida, o que acontece com a gente que a gente quer passar pras pessoas. Por mais que a gente não queira se promover, a gente vai, mas estaremos promovendo a verdade, na forma mais verdadeira, não com rótulos, sempre com amor, dando exemplo através da música que é a coisa mais doce que existe.

Rafael – E o novo disco, tá previsto pra quando?
Popó: Antes do Carnaval, nossa vontade é que esteja pronto antes do Carnaval

Vicente: Se Jah permitir.

Ricardo: Mas a gente já está com apoios de estúdio, dessa vez vai ser um CD bem gravado, com fé em Jesus Cristo, não que o outro não tenha sido, mas foi uma correria, foi gravado num ensaio. Estamos fazendo os arranjos com muito cuidado, Popó está sendo cada vez mais abençoado com a postura de cantor agora. Estamos fazendo com muito cuidado, para que fique uma coisa bem bonita mesmo.

Rafael – Em português esse?
Vicente: Oitenta por cento, digamos assim.

Ricardo: Tem três músicas em inglês, Onze músicas no total

Rafael – E a temática, continua sendo a mesma?
Vicente: A temática é a mesma, falar de amor, sobre o livro da vida, sobre a verdade, esclarecer a história.

Ricardo: E falar da realidade também.

Rafael – Acho que falta muito no Brasil principalmente, as bandas tomarem mais cuidado com isso aí, muitos fazem letras que como o Vicente falou, não educam ninguém.
Ricardo: Exatamente. Enquanto tem crianças que seguem à risca aquilo dali que ele tá falando. Então tem que tomar cuidado com isso, concordo com você.

Popó: Que Deus ilumine todos.

Vicente: O Pagode já faz isso, não educa ninguém. Então, o Reggae não pode ser assim. O Reggae é música de Revolucionário, de homens revolucionários e nossa revolução é a educação.

Rafael – Talvez seja por isso que o Reggae não aparece na Televisão.
Ricardo: O Reggae não aparece na televisão, pois a televisão já viu que dá muito mais dinheiro mostrar uma perna, uma bunda do que mostrar a verdade. Mas isso tem que ser mudado pela gente. Temos que mostrar pra eles que a verdade também deve ser dita. Mas, eles vivem no Sistema, na impiedade. Eles são os ímpios, que acham que tudo que fazem está certo e o resto está errado, que tudo fazem, tudo podem... então, eles se afogarão entre eles.

Popó: Que Deus tenha misericórdia e a palavra chegue a eles também. De qualquer forma, somos todos iguais.

Rafael – E sobre a discriminação, o que vocês tem a dizer ? Vejo por aqui muita discriminação, inclusive sobre a minha pessoa, por ser um cara branco que gosta de Reggae.
Ricardo: Até entre a gente, até o próprio Popó é discriminado pelo negão que tá do lado dele. Não pela aparência, pela cor ou pelas riquezas, mas pelo que fala. As vezes um negão que tá do lado dele, que tem a mesma condição, a mesma escolaridade, o mesmo poder, mas Popó fala uma coisa e ele outra, então ele discrimina.

Ricardo: Só a desunião que existe... É aquilo que Selassie falou. “Enquanto a cor da pele dos homens for mais importante que a cor dos olhos, haverá guerra”. O que ele quis dizer com isso ? Que não importa sua crença, sua cor, de onde você vem, não importa quanto você tem, a gente tem que andar junto, fazendo as obras de Jesus, ajudando quem precisa, amando, perdoando. Não importa que você creia em Buda e eu em Jesus, temos que andar juntos fazendo coisas boas. Qualquer religião prega o amor, e a que não prega é do Demônio.

Rafael – O que vocês acham das bandas que passam mensagens interessantes, inteligentes mas não seguem o que falam?
Ricardo: É fascismo.

Vicente: A pior discriminação é a teológica. Tem negro contra negro e branco contra branco e isso tem que mudar.

Rafael – Então galera, com certeza foi muito bom poder conversar com vocês, e gostaria que vocês deixassem uma mensagem pra quem, assim como eu respeita e curte o trabalho de vocês.
Ricardo: Gostaria de dizer que não só pra você, mas pra todo mundo que o espaço da Red Meditation está aberto pra conversar, pra Meditar que essa é a função da Red Meditation, muita meditação. Todos que estiverem precisando desse auxílio podem nos procurar. Temos o nosso site, em breve vamos poder interagir com as pessoas, elas vão poder deixar suas perguntas. Pedir pras pessoas que leiam a Bíblia, interpretem sem doutrina, interpretem por si mesmo. Seguir o exemplo de Jesus que foi o maior, o único homem Santo, o único que veio e ressuscitou foi ele. Nós podemos ter todos os poderes que ele tem, basta acreditar verdadeiramente. A fé remove montanhas, mas pra quem acredita verdadeiramente. Então eu clamo para o exemplo de Jesus Cristo.

Popó: Queria dizer em nome da Red Meditation que nós amamos todos.

Vicente: Nós amamos todos, e se tem alguma coisa que podemos fazer é seguir o exemplo de Cristo, procurar saber quem foi ele. Todo equipamento tem um manual de instrução, nós também somos um equipamento, um equipamente Divino. E nosso manual é a bíblia, então temos que ler para funcionar direito

Ricardo: E não se fechem para as coisas. Se o seu Espírito é Santo, ele vai saber o que é bom e o que é ruim. Sempre estar aberto a ser solidário, jamais se exaltar. Amar e unir. O movimento Reggae está precisando de união e respeito, principalmente aquelas bandas que não divulgam a filosofia, não divulgam a história. Se vocês não são Rastas, amém ! Mas que respeitem a gente, e que procurem conversar com a gente, não se afastar. Vamos amar o Reggae e os Rastas também. Porque o Reggae é a musica dos Rastas, é a música de Jesus, é o louvor. Nos respeite e nos dê o espaço devido, pois nós pregamos a verdade.


Fonte: Rafael Surforeggae





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