10/11/2003
ALMA D´JEM chega em novembro! Confira!
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Reggae, sim, é claro. Mas também o rock, o funk e o melhor da MPB fazem parte do caldeirão de influências em que o grupo brasiliense Alma D’Jem moldou sua música. E não deu outra: provoca nada menos que empatia imediata o som desse disco, que leva como título tão-somente o nome da banda.

Simplicidade é a alma do negócio para esse grupo, formado pelos irmãos Marcello (vocais e guitarra) e Rafael Mira (percussão) com Dino Verdade (bateria) e Alex Zambrana (guitarra). Alma D’Jem quer dizer "alma em paz", e, se a alma está em paz, não tem quem dobre a determinação dos rapazes de ganhar o Brasil com sua música tranqüila quando o recado é tranqüilo, mas firme quando a firmeza se faz necessária. "A vida não é só amor, mas também não é só guerra", resume Marcello Mira, 29 anos, que também vem a ser o compositor principal do Alma D’Jem.

Fundada em 1997, a banda começou como tantas outras de Brasília, tocando reggae, música que parece ter sido feita de encomenda para as paisagens plúcidas que se vêem num fim de semana de esportes e contato com a natureza na Chapada dos Veadeiros. Logo, o Alma gravou seu primeiro disco, "Grito de Liberdade", que acabou vendendo 20 mil cópias em esquema independente, muito graças à política dos músicos de sair tocando onde conseguisse pouso - assim, eles percorreram do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo, conquistando público ao lado de bandas como Natiruts, Maskavo, Tribo de Jah e Dread Lion - cariocas com quem, por sinal, o Alma chegou a dividir um ônibus durante uma exaustiva mas proveitosa excursão pelo Sul do Brasil. "Era aquela coisa de ficar até três dias sem tomar banho...", brinca Marcello.

O potencial das canções do primeiro disco levou a banda a pensar adiante - não em abandonar o reggae, mas usá-lo como ponto de partida para um som que refletisse melhor a grande gama de influências da banda. "Minha formação maior é de MPB, de Djavan, João Bosco, Gil, Paralamas e Legião. Mas ouço também Bob Marley, Led Zeppelin, Police, Linkin Park e Jamiroquai.

O reggae roots nunca foi a nossa praia. Nossa filosofia é livre", conta Marcello. O passo seguinte do Alma D’Jem foi conseguir um produtor que soubesse traduzir essas novas idéias em disco - e aí apareceu Tadeu Patola, responsável por alguns dos melhores discos do Charlie Brown Jr., que acabou orientando a banda no estúdio durante as gravações do que viria a ser o Alma D’Jem. A essa altura, profissionalização já era meta para os rapazes, que se mudaram para São Paulo.

No entanto, o baixista Daniel Fagali e o baterista Luciano Carvalho (parceiros de Marcello em algumas das músicas do novo disco) resolveram ficar em Brasília, o que levou o Alma D’Jem a adotar a nova formação, completada nos palcos pelo baixista Duda Lima e o tecladista Pirajú. Juntos, os seis músicos são uma usina de som pronta para eletrizar fãs de pop-rock ao longo de todo o país.

Quem quiser saber do que o Alma D’Jem é capaz, é só ir direto à primeira música do disco, Minha Voz, com seu instrumental animado e sua mensagem certeira: não subestime a inteligência do povo, porque o que os olhos não vêem o coração sente. O reggae velho de guerra dá as caras em Teu Lugar, música em que Marcelo esbanja poesia para falar de amor: "seja bem-vinda a esta casa que entras, é o meu coração/ se vem sorrindo, então faz disso aqui teu lugar".

O ritmo jamaicano ainda serve de base para uma das faixas mais românticas de "Alma D’Jem", Cidadão de Rua, que fala do boêmio que se diz recuperado pelo amor ("eu gosto de ficar na rua / mas eu gosto mais de você"), só que nem tanto assim ("Eu sou cidadão da rua e não vou deixar de ser / pois foi numa noite de lua que eu vi as estrelas que seguem você"). A dobradinha amor/reggae também responde pela bonita Tudo Que Aprendo com Você.

O rock, por sua vez, se faz presente no som do Alma D’Jem de diferentes formas. Uma, mais romântica, em músicas como Sei Lá, em que o sujeito espera por um milagre que faça a amada voltar atrás na decisão de abandoná-lo. Outra, mais política, na abertura da música O Que Virá ("Quantos inocentes pra alimentar / a sede de sangue desses tubar_es / não me peça ainda para descansar") e na indignada João, fábula sobre o menino pobre, "iluminado, talvez no país errado", que cresce com o dom do desafio, mas acaba sendo calado de maneira brusca.

"Atenção, todas as viaturas: elemento suspeito fortemente armado com palavras de alto calibre que podem abalar seriamente as atuais estruturas sociais", ouve-se, em tom de alerta, ao fundo. E ainda tem a pegada funkeira, que arma a festa em canções como "Nada Maior Que o Amor" (com rap que avisa: "A maldade bate no meu peito e volta pra quem me mandou transformada em energia positiva e amor"), Vem Ver ("Quem jú viu de perto a dor sabe o quanto é bom sorrir") e Quem Viver Verá, que, apesar da postura de denúncia, acena com uma esperança de dias mais felizes para o país: "Vem ver que ainda é possível crer que ainda há saída / que a história quem faz quem não pode mais se calar e ficar de bobeira". Eclético e incurável otimista, assim é o Alma D’Jem, uma banda para quem a luta e a indignação são apenas formas de se chegar à paz. A paz que todos querem conquistar - e merecem conquistar - para serem felizes.


Fonte: EMI





'Alma D´Jem'


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