14/09/2010 Experiência, ideologia e planos: Surforeggae faz entrevista com Lucas Kastrup do Ponto de Equilíbrio!
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Uma das principais bandas da atualidade, o Ponto de Equilíbrio soube crescer e, com talento e inteligência, SE MANTER neste mercado tão instável, infelizmente, do reggae nacional. Confira a entrevista de Rafael Costa do Surforeggae com Lucas Kastrup, que aborda temas que vão da ideologia e a rica experiência adquirida, até os planos futuros dos meninos de Vila Isabel.
A ENTREVISTA
1 - Como vocês julgam o amadurecimento da banda dos primeiros dias até hoje? O que mudou de lá pra cá? Houve algo que mudaram no decorrer e voltaram ou voltariam atrás? Lucas Kastrup: Tudo faz parte da caminhada. Estamos felizes com o atual momento artístico da banda. Gostamos de subir no palco juntos para tocar nossas músicas. Tudo o que passamos faz parte do amadurecimento e queremos ir mais além, no amadurecimento do bom reggae rastafari com alegria. O que queremos deixar claro ao público é que não mudaremos nossa direção.
2 - Quais são os lugares no Brasil onde o público do reggae é mais caloroso com a banda? Existe alguma memória especial de algum show em específico? Lucas Kastrup: Fica difícil falar de um lugar específico pois graças a Deus somos bem recebidos em todos os lugares por onde passamos. A primeira cidade que nos recebeu dessa forma foi São Paulo. Hoje Salvador também nos recebe sempre com entusiasmo e cantando nossa obra. Também Fortaleza e demais cidades do Nordeste, Porto Alegre e Minas Gerais devem ser lembradas, Brasília também e por aí vai. O Rio de Janeiro por ser nosso berço é também muito especial para o Ponto de Equilíbrio. Não temos do que reclamar em relação a receptividade e calor do público.
3 - Como surgiu a oportunidade de gravar como grandes nomes do Reggae internacional como Don Carlos e The Congos? Lucas Kastrup: Ouvimos reggae desde muito jovens e para nós gravar com ícones da velha guarda jamaicana parecia uma utopia. Quando os caras do The Congos vieram tocar no Brasil, fomos juntos no mesmo ônibus do Rio para SP e então combinamos de ir para o estúdio em São Paulo. Mostramos a música "Novo Dia" e eles gostaram. Demos idéias, mas deixamos eles construirem os backing vocals. Depois traduzimos uma parte da letra e demos um espaço "free" para o Cedric Myton e os demais gravarem. Depois de algumas tentativas está aí o resultado. Eu, como compositor de "Novo Dia", achei ótimo.
(Ponto de Equilíbrio e The Congos com "Novo Dia")
Já o Don Carlos gravou a parte dele de "Stay Alive" na Florida e só nos conhecemos depois no Brasil, por intermédio do Rafael do Surforegae. Fizemos algumas apresentações juntos e depois ele veio pra Vila Isabel. Almoçamos juntos na casa da mãe do Pedro e Tiago do Ponto, e gravamos o dia inteiro imagens pelas ruas de Vila Isabel. O resultado é o clipe de "Stay Alive" a ser apresentado em primeira mão no telão da Fundição Progresso, dia 11 de setembro. Depois estará no youtube etc, vale a pena conferir. Don Carlos é um cara diferente, de vibração espiritual elevada, valeu a pena conhecê-lo pessoalmente.
4 - Vocês já estiveram representando o Brasil fora do país. Quais foram os lugares onde mais foram bem recebidos? Como foi ter tocado no Rototom Sunsplash, um dos maiores festivais do gênero no mundo? As músicas em português são bem recebidas por lá ou a barreira da língua falou mais alto? Lucas Kastrup: Fomos 3 vezes pra Europa e passamos por Portugal, Itália, Alemanha e Noruega. Fizemos umas duas versões de nossas músicas para o inglês, mas a música brasileira é muito valorizada lá fora e acho que língua não é uma barreira neste caso. Tocamos em lugares incríveis: na Noruega estava na época de fazer dia o tempo todo, então tocamos por volta de meia noite no maior Sol com arco-íris e tudo... Já no Rototom Sunsplash na Itália foi a maior honra, um dos maiores festivais de reggae do mundo, tocamos antes do Heptones (da Jamaica). Experiência inesquecível.
5 - Vocês pregam bastante a questão do Rastafari em suas letras. Vocês se consideram rastas? Se sim, o que é ser um rasta pra vocês? Lucas Kastrup: Sim. Acreditamos que essa força rege o nosso trabalho. Para nós Rastafari é o cristão original, que busca o contato com a natureza e os ancestrais. Uma das traduções da palavra é "RAS"cabeça e "TAFARI" Criador. Então, independente de uma representação física, estamos ligados à Inteligância Universal: a Cabeça do Criador.
6 - Como está indo o disco novo? Existe alguma música que a banda tem como grande aposta nele? Assim como foi com "Aonde Vai Chegar (Coisa Feia)"? Lucas Kastrup: Acho que não é um disco de "uma música". Estamos lançando o clipe de "Stay Alive" e colocando "Malandragem às Avessas" nas rádios. Depois delas tem "O que eu vejo", hoje tão cantada quanto "Aonde vai chegar?(coisa feia)", também tem "Santa Kaya", "Novo Dia", "Odisséia", "Hipócritas" e segue o disco...
7 - O Ponto de Equilíbrio é considerado um dos maiores nomes do Reggae nacional da atualidade. Existem bandas já em ascenção ou desconhecidas que vocês vêem com grande potencial de alcançar maiores públicos? Quais? Lucas Kastrup: Gosto muito de bandas que pararam de tocar ou estão voltando aos poucos como a Unidade Punho Forte (Niterói), os Filhos da Luz (Rio de Janeiro), nas suas várias formações. Também admiro o trabalho da banda Aliança (Niterói), Vibrações, acho que de Maceió, entre outras.
8 - Como vocês avaliam o mercado nacional para o ritmo que trabalham? O que poderia ou precisa melhorar? Lucas Kastrup: Acho que, diferente da Europa e Califórnia, o reggae é ainda hoje muito marginalizado no Brasil, tido muitas vezes como "coisa de maconheiro". Faltam programas nas grandes rádios, mais revistas e sites especializados, com bons textos e entrevistas com grandes nomes do reggae. Falta o povo do reggae se levantar! Mas acho que está perto de acontecer, acredito nisso.
9 - A questão do "Pedrada" sensibilizou muita gente do meio artístico e empresarial, quando o baixista da banda foi preso injustamente por cultivar erva no quintal de casa. Gostariam de deixar algum tipo de mensagem ou falar sobre o assunto algo que ainda não foi dito? Lucas Kastrup: A música "Santa Kaya" lançada antes do incidente já fala do tema. Convido a todos ouvirem esta canção com atenção!
10 - Inicialmente vocês eram independentes e alcançaram grande êxito com o primeiro disco. Logo depois veio um CD com uma grande gravadora. Houve alguma imposição na forma como deveria ser o som da banda nessa oportunidade? Alguns fãs se queixaram de que a banda não é mais a mesma, o que vocês poderiam comentar disso? Lucas Kastrup: Experimentamos a gravadora visando ter nossos discos vendidos em maior número de lojas, estar com nossos clipes em mais programas de TV, etc. Não deu muito certo porque muitas vezes a mentalidade deles é padronizar tudo, não estão abertos ao diferente, ao novo. As gravadoras estão em baixa, a internet agora é o principal meio. Queremos que comprem nosso disco pela arte e por tudo, mas não nos incomodamos com quem pega pela internet. Faz parte do nosso tempo e sendo assim optamos por voltar a total independência, gostamos de dar opinião em tudo: música, arte, clipe e não precisamos de alguém querendo nos moldar ao que definitivamente não somos.
11 - Como está sendo o lançamento do novo disco pelo Brasil? Em algumas oportunidades vocês dividiram palco com o grande jamaicano Don Carlos com o qual gravaram "Stay Alive". Como foi a experiência? Lucas Kastrup: O Lançamento está indo bem. Como mencionei, somos sempre bem recebidos e costumamos agradecer ao Altíssimo por estarmos vivendo isso no Brasil de hoje. O Don Carlos é mestre de reggae e brincamos que ele virou nosso Padrinho. Cada encontro com ele era benção de alegria. Ele subia no palco com a gente e cantava "Stay Alive" com amor e brilho nos olhos. Gostava de conversar no camarim e no hotel. Depois, no show dele chamava alguém do Ponto pra subir no palco e nos fazia homenagem. Viva o Don Carlos!
12 - Já existem planos para a gravação de um DVD? Lucas Kastrup: Acho que esse deve ser nosso próximo projeto. Todos querem, nós também. Agora é trabalhar para isso, em breve, mas ainda sem previsão certa. Gostamos de caprichar. Vendem por aí alguns DVDs nossos, mas nenhum é oficial, portanto, queremos que o nosso venha com nossa assinatura artística.
13 - Nós do Surforeggae agradecemos pela entrevista. O espaço é de vocês para deixarem uma mensagem para os fãs ou sobre o que quiserem. Lucas Kastrup: Nós é que agradecemos. Surforeggae é hoje um espaço primordial ao cenário reggae. Desejamos que prospere. Grande abraço para todos que vibram positivo! JahBençoa! Lucas Kastrup.