12/12/2009 Inesquecível: O Kazebre "hipnotizado" pelo reggae potente do The Congos! Confira no Surforeggae!
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Este último dia 11 de Dezembro ficará para a história. Em coberturas Surforeggae já passamos por momentos emocionantes... seja no palco ou backstage. Artistas como Albert Griffiths, Alpha Blondy, Don Carlos, os saudosos Lucky Dube e Joseph Hill, Burning Spear, Wiss, Skelly, Apple... são muitos, e todos momentos que guardamos com muito carinho. ESTE obviamente não seria diferente, até porque faz parte da história do próprio Surforeggae. Depois de muitos anos de espera, a banda The Congos desembarca pela primeira vez no Brasil, e o que disseram de fato foi comprovado: "Poderemos ter a experiência mais roots jamais vista no país."
O lugar escolhido para a apresentação das feras foi "o Kazebre" (casa de shows da zona leste de São Paulo) e junto deles, Ponto de Equilíbrio, Zafenate e Príncipe Messias, que fez um tributo à Kata, vocalista da banda que faleceu neste último dia 8 de dezembro (veja matéria). O público compareceu em peso, como que prevendo a importância ímpar do que seria visto.
PONTO DE EQUILÍBRIO
A expectativa era grande para o início do show do Ponto, e quando eles assumiram o palco o alvoroço foi ensurdecedor. O "Ponto" é uma fábrica de hits, e a receptividade do público se refletiu no coro de milhares de vozes sob a regência de Hélio Bentes. Abrindo o show com "Árvore do Reggae" e "Jah Jah me Leve", dava pra se ter uma idéia que aquela energia seguiria ininterrupta. Na sequência, e MUITO CANTADA, veio "O Que eu Vejo", prova de que a galera está sempre antenada ao trabalho dos "meninos de Vila Isabel".
Sempre com a forte performance de palco de Hélio, a galera ia curtindo muito, enquando o Kazebre não parava de encher. Enquanto isso a banda mesclava suas novas composições com os aclamados sucessos... ah, e fiquem atentos para o novo álbum, virá recheado de surpresas. Quando a banda voltou para o BIS com "Lágrimas de Jah" e "Aonde vai Chegar", o Kazebre vibrou e cantou palavra por palavra. Ao final da apresentação, as dependências da casa já estavam praticamente tomadas pelos regueiros, e a expectativa para ver a lendária banda jamaicana só aumentava.
Durou cerca de 1 hora para o preparo do palco e o primeiro contato da multidão com estes ícones do reggae music mundial. E valeu a pena. Às 3:30 da madrugada, Lindberg "Preps" Lewis, Watty Burnett, Roy "Ashanti" Johnson e o líder mais do que carismático, Cedric Myton, assumem o palco 1 do Kazebre. As pedras rolaram!
THE CONGOS
Com 33 anos de estrada, esta é uma das bandas mais respeitadas do circuito mundial, e desde "Heart of the Congos" - LP de 1977 - os fãs se alastraram mundo à fora. Também pudera, nele se encontram as obras mais intocáveis de sua carreira, como "Fisherman", "Open up the Gate", "Children Crying", "Can’t Come In", entre outras, aliás, muitas delas lembradas em um medley instrumental que fez até o mais frio dos seres se arrepiar. Como foi citado, o Surforeggae já viu entradas marcantes de diversos artistas, mas nenhuma se compara ao que vimos nesta noite.
A humildade e a simpatia vista em fáceis sorrisos destes "vovôs-garotos" é algo que emociona, não só por ser proveniente de uma banda de tamanha grandeza, mas também porque outras personalidades do ritmo de Jah, que nem se quer despontaram para o verdadeiro sucesso - ou até já - não compartilham desta mesma virtude.
Com danças e movimentos super bem-humorados que lembram de cara o estilo "Rockers" de curtir e sentir o reggae, o "The Congos" chegou distribuindo beijos e acenos para todos... porém este carinho virou logo uma porrada, mas claro, sonora. Abrindo com "Lost Sheep" e "Ten Million Chariots", ambas do álbum "Swinging Bridge", era fácil decifrar os olhares de admiração de um público diante de um reggae tão verdadeiro e, aos que entendem um pouco mais de música, tão harmonicamente rico. Na sequência, e para "matar" qualquer fã desavisado, "Open up the Gate" do "álbum-debut" citado acima.
(The Congos no Kazebre com "Ten Million Chariots")
Daí por diante era pedra atrás de pedra, e uma imponência sonora comparável apenas aos REALMENTE GRANDES nomes do reggae mundial, como a aclamada Roots Radics. Falando em peso, que tal "Yo-Yo"? Uma entrada "apoteótica" com todos os temperos de um bom reggae. Logo depois, "Beetles Come" e a música que tornou esta banda parte da história do Surforeggae, "Youthman", pois para quem não sabe, foi com este som de background que o portal foi concebido a 9 anos atrás. A galera foi um delírio só, pois este som já havia sido pedido algumas vezes.
"National Heroes" e a belíssima "Revolution" antecederam outra do time das pesadas, "La Le Bella". Nesse momento de encerramento da performance, alguns pedidos aflitos clamavam por "Fisherman", outros por "Can’t Come In"... enfim, "Can’t Come In" não saiu, mas "Fisherman" sim, e foi perfeita... a introdução com aquela voz "cavernosa" de Watty Burnett diante de seus olhos é qualquer algo de fantástico.
Contudo, a vinda do The Congos superou todas as expectativas não só dos fãs, mas também dos produtores pela questão óbvia de um Kazebre lotado. Isso pode vir a ser muito interessante para o reggae no Brasil, pois muitos nomes lendários não pintam por terras tupiniqins devido ao "achismo" de que esse ou aquele artista não traria público, ou algum tipo de retorno financeiro considerável. Agradecemos novamente a Zeroneutro e desta vez ao Johnny B Good por terem proporcionado momentos tão especiais ao lado destas feras jamaicanas. Respect!