Não é de hoje que as mulheres lutam por seu espaço na sociedade, e independente do campo onde atuam conseguem um destaque todo especial, e claro que na música não seria diferente. Desde a época do Mento, Ska, Rocksteady até o Reggae que conhecemos hoje, a cena sempre foi praticamente toda preenchida por homens.
Apesar dessa predominância masculina, a história da música jamaicana mostra que grande parte das mulheres que investiram numa carreira alcançou uma repercussão, a exemplo de nomes antigos e novos como Hortense Ellis, Judy Mowatt, Marcia Griffiths, Rita Marley, J.C. Lodge, Aisha, Della Grant, Donna Marie, Sister Carol, Phyllis Dillon, Zema, Dezarie, Althea & Donna, Dawn Penn, Janet Kay, Louisa Marks, The Gaylettes, Charmaine Bowman, Lady Saw, Queen Ifrica, entre tantas outras.
EXPLOSÃO FEMININA
Apesar de algumas pioneiras como Hortense Ellis terem gravado discos inteiros (os quais são considerados históricos) muito antes das mulheres “estourarem” para o mundo, a voz feminina no reggae começou a se difundir de fato através da delicadeza dos backing vocais.
Isso se deu principalmente através das I-Threes, trio vocal formado por Rita Marley, Marcia Griffiths e Judy Mowatt, e que acompanhava nada mais nada menos que o ícone Bob Marley.
Rapidamente, o que se restringia aos "backs" das composições de Bob Marley & The Wailers se tornou voz principal de carreiras bem consistentes, estimulando outras mulheres a acreditarem que era possível. Este estímulo acabou causando o que chamamos de “explosão feminina” no final dos anos 70.
JUDY MOWATT: FORÇA QUE ABRIU PORTAS
(A lendária Judy Mowatt)
Como prova desse sucesso, pode ser citado o clássico LP “Black Woman” de Judy Mowatt, que foi o primeiro disco cantado e totalmente produzido por uma mulher, além do seu disco “Working Wonders” que foi o primeiro álbum de reggae feito por uma mulher a ser nomeado ao Grammy (1985), que acabou indo para as mãos de Jimmy Cliff com o álbum “Cliff Hanger”.
Judy alcançou ainda a marca de ter sido a primeira mulher vocalista de Reggae a alcançar um hit nas paradas americanas com “Love is Overdue”. O tempo foi fixando a voz feminina no reggae, que hoje se encontra acima do bem e do mal, porém ainda com poucas representantes.
(Judy Mowatt ao vivo com "Black Woman")
A fórmula utilizada pelo “messias” da coisa, Bob Marley, continua predominando: vocal masculino, pegada imponente do reggae roots e para contrastar, a doçura e delicadeza dos backing vocais femininos, geralmente repetindo trechos do vocal principal.
Este formato hoje é comum e seguido por grandes nomes desde a África com Alpha Blondy e Lucky Dube, Estados Unidos com Groundation, Japão através de bandas como os Moodmakers, e até na Jamaica com dezenas de artistas da velha guarda como U-Roy e John Holt aos mais recentes como o grande Luciano.
AS MULHERES PELO MUNDO
(A cantora Dezarie)
A qualidade do trabalho destas divas tem uma carência de divulgação no Brasil, o que pode ser provado pela ausência de shows dessas mulheres que fazem turnês por todo o mundo, mas não passam por terras tupiniquins. O primeiro passo foi dado com a vinda de Dezarie, das Ilhas Virgens, há alguns anos.
O inconfundível agudo e delicadeza de sua voz no meio de um pesado instrumental foi um sucesso tão estrondoso, que conquistou até públicos de outros estilos musicais. Isso é sempre válido, já que essas pessoas que antes não conheciam a essência do reggae, passaram a ter mais interesse e consequentemente tiveram acesso à cultura por trás de todo esse movimento. Nessa onda, outro grande destaque que desembarcou no país foi a cantora Reemah, também das Ilhas Virgens.
(Assista Reemah com o clipe "War")
E nessa "sensível" invasão, o Brasil não fica de fora, tendo como principais representantes as belas e talentosas Anamaria Ribeiro e Vilma Helena Ribeiro do Namastê, Aline Duran, Soraia Drummond (que já gravou na Jamaica com grandes nomes), Dacal, cujo álbum foi considerado pioneiro em Dub Poetry no Brasil, Molly Rose, Lei di Dai, Marina Peralta, DaviDariloco (uma banda só de meninas), dentre outras não menos importantes.
Então atenção mundo machista: deixe cair por terra os bobos preconceitos contra o "sexo-nada-frágil" e se rendam à sensibilidade e capacidade da mulher no trabalho, nos esportes, no reggae e na VIDA.
Prestando uma singela homenagem, leia abaixo um trecho da música “Reggae e Flores” da banda Unidade Punho Forte (RJ).
“Reggae e Flores” - (Unidade Punho Forte) “Admiração e outros sentimentos me conduzem a dizer / A razão porque desta canção reggae foi feita só pra você / Ser que gera o homem e o amamenta tens poder que Deus te dera / Parabéns pro bendito ser mulher, reggae e flores pra vocês mulheres”.
MULHERES ESPECIAL Clique abaixo e confira uma seleção de vídeos da Surforeggae RootV com algumas das mulheres mais respeitadas do cenário reggae mundial.
Fonte: Rangel Surforeggae e Rafael Surforeggae
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