14/07/2008
Confira a entrevista exclusiva do Surforeggae com a Diamba, uma das maiores bandas de Reggae da Bahia!
 
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A Diamba, que já possui mais de 10 anos de história e é uma das bandas de Reggae mais populares da Bahia está alçando novo vôo agora em temporada pelo Rio de Janeiro. O grupo, que se destacou através de participação garantida em quase todos os grandes eventos de Reggae em Salvador nos últimos anos e lançou recentemente um DVD em comemoração aos 10 anos, deu uma entrevista exclusiva ao Surforeggae.

Demonstrando que estão integrados ao movimento do Reggae e estão por dentro dos assuntos que mais são questionados pelas pessoas nesse meio, os integrantes da Diamba falaram do início da carreira, questões relativas ao Reggae Raiz X Reggae Pop, momentos marcantes, entre outros fatos curiosos. Confira então a entrevista exclusiva de Rafael Costa com a Banda Diamba.

A ENTREVISTA


 Rafael Surforeggae: Saudações galera. Primeiramente gosto de começar a entrevista com uma pergunta bem comum. O que motivou a reunião do grupo, como foi que tudo começou, quais as principais dificuldades enfrentadas no início?
Diamba: O gosto comum pelo reggae de um grupo de amigos, que é a Diamba, ao longo do tempo vem sendo uma duradoura festa. As dificuldades são parecidas até hoje: divulgação e distribuição, como toda banda independente. Mesmo assim, elas só serviram de motivação para que pudéssemos perseverar juntamente com a nossa gigantesca vontade de propagar a nossa música; sempre com identidade e personalidade construídas a partir de nossas influências.

Rafael Surforeggae: As famílias de vocês sempre deram apoio para seguir na música?
Diamba: Sempre. Sem esse suporte das famílias, dos amigos, parceiros-colaboradores, fãs e mídia, teria sido muito mais difícil continuar durante esses 12 anos de estrada.

Rafael Surforeggae: Em todo esse tempo de banda vocês passaram por diversos momentos em que eram a banda de Reggae mais conhecida de Salvador. O que acham que faltou para esse sucesso ser a nível nacional?
Diamba: A distância dos grandes centros metropolitanos brasileiros. Mesmo assim juntamos dinheiro e viajamos pelo Brasil todo; morando durante temporadas em Floripa, Sampa e agora no Rio. Esperamos fincar a bandeira aqui no Rio também, pois esta cidade como dizem "é maravilhosa". A receptividade aqui tem sido incrível, assim com nossas expectativas.

Rafael Surforeggae: Vocês já se sentiram discriminados em algum evento ou situação específica por serem membros de uma banda de Reggae?
Diamba: Nunca. Sempre fomos muito bem recebidos. O reggae tem um grande potencial de penetração no meio artístico. É uma música de congregação, celebração... Só alegria!

Rafael Surforeggae: A que vocês atribuem o Reggae não ser um dos ritmos mais populares no Brasil? Vocês acham que falta consciência por parte das pessoas?
Diamba: Diante de todo o cenário que percebemos, o reggae já é uma música muito bem aceita – como observamos em Salvador, por exemplo, onde tocamos regularmente para mais de 20.000 pessoas em festas que contam com a participação dos maiores nomes do reggae internacional. Temos visto também uma grande quantidade de festas aglutinando milhares de pessoas por todo o país, fato este que nos leva a pensar que o reggae já se consolidou como um dos ritmos mais populares do país.

Rafael Surforeggae: A nível de Brasil, quais foram os artistas que influenciaram no som da Banda Diamba? É perceptível na musicalidade de vocês a influência de outros ritmos com uma batida bem brasileira.
Diamba: Gilberto Gil, Nação Zumbi, Natiruts, Edson Gomes, dentre outros. A lista de grandes artistas e músicos brasileiros é interminável... E muitos nos influenciaram na nossa musicalidade.

Rafael Surforeggae: Como foi dividir o palco com grandes nomes do Reggae Internacional e até ser banda de apoio de Andrew Tosh?
Diamba: Fantástico! Fechando os olhos parece o Peter (pai dele). Muito bom! Foi uma realização para todos nós.

Rafael Surforeggae: Vocês se consideram uma banda de Reggae raiz? O que é o Reggae raiz para vocês? Muita gente considera que a banda ao longo do tempo se tornou um pouco mais pop. O que vocês tem a dizer sobre isso?
Diamba: Pop ou raiz, somos uma banda de reggae por excelência. Não acreditamos em rótulos nem na possibilidade de estagnar nossa música. Acreditamos que, com o passar do tempo, devemos temperar nosso som com as influências que nos são pertinentes. No início, tocávamos versões de Jimi Hendrix, Beatles, dentre outros. Vamos tomar Bob Marley por exemplo: no início do sucesso ele, como grande astro da música (digo, após o contrato com a Island Records com o disco Catch a fire), tocava músicas muito mais roots. Já no final da carreira (no Uprising), podemos ouvir sonoridades mais voltadas até para o pop (ou disco como era no final dos anos 70, época do lançamento deste álbum), como Could you Be loved. Acreditamos que devemos ser a verdadeira tradução do nosso momento, seja ele roots ou pop. O curioso é que nossas novas composições estão mais roots do que antes! Mas toda a influência do rock, funk, mpb e pop sempre estarão lá.

Rafael Surforeggae: Qual foi o momento mais marcante na carreira de vocês? O que vocês sentem que mudou da Diamba dos velhos tempos para os dias de hoje?
Diamba: Um dos momentos mais marcantes foi a gravação do nosso DVD de 10 anos. E, posteriormente, o show de lançamento com a concha acústica de Salvador lotada. Mal dava pra ouvir os instrumentos, porque o público cantava a plenos pulmões. Para a Diamba foi muito gratificante, pois sentimos que estamos no caminho certo. O que há de mais recompensador para uma banda é o reconhecimento do público depois de tantos anos de luta e muita realização. E, lógico, sair em turnê, estar em outros estados conhecendo pessoas e levando nosso som além das fronteiras baianas é muito bom!!!

Rafael Surforeggae: Como é a relação de vocês com outros grupos da Bahia tais como Adão Negro, Edson Gomes, Mosiah, etc? Existe alguma rivalidade nesse meio ou tudo são flores?
Diamba: Tudo são flores!! Só união e positive vibrations! É muito bom dividir o palco com grandes artistas como esses. A Bahia está muito bem servida de grandes bandas de reggae também.

Rafael Surforeggae: Vocês costumam apoiar bandas emergentes no cenário de Salvador, como Semente da Paz, Moa Anbesa, Red Meditation, etc? O que acham do movimento alternativo que acontece na cidade?
Diamba: Volta e meio estamos abrindo espaço para todas as bandas. Admiramos muito bandas com personalidade como as que você citou. São também muito respeitadas por lá.

Rafael Surforeggae: Qual o grande sonho de vocês? Já pensaram alguma vez em tocar em outros países? Em Portugal por exemplo existe uma grande base de fãs do Reggae Brasileiro.
Diamba: Pensar pensamos todos os dias, e estamos sempre fazendo contato na tentativa de levar o nosso som para as fronteiras do além mar. Esbarramos na dificuldade de encontrar patrocinadores que possam viabilizar esta empreitada.

Rafael Surforeggae: Qual é a relação que vocês enxergam entre o Reggae e os sentimentos de paz, igualdade, consciência, amor e união? Vocês acham que o ritmo está intrinsecamente ligado a esses fatores? Ou isso poderá desaparecer aos poucos como está acontecendo na Jamaica através de músicas que estão espalhando homofobia, incentivo à violência, rebaixando a mulher e falando apenas de sexo?
Diamba: Acreditamos que o reggae, assim como todo o tipo de música, deve ser levado a sério. Influências negativas e conotações pejorativas devem estar bem distantes. Sempre haverá uma grande quantidade de pessoas dispostas a ouvir uma boa música, com mensagens positivas, e curtir bons shows.

Rafael Surforeggae: O que significa a palavra Rastafari para vocês?
Diamba: É o nome de batismo de Haileé Salassiê. Partindo dos preceitos ideológicos de Marcus Garvey, surge uma religião fundamentada em uma filosofia de regresso à África por parte do oprimido povo negro de todo o mundo (em específico na América Central - por causa da escravidão nos plantations de cana-de-açúcar) com a idéia de libertação desse povo. É um conceito ideológico e religioso. Uma filosofia de vida.

Rafael Surforeggae: Como vocês vêem o discurso de teor mais religioso e ácido de alguns grupos de Reggae do Brasil e do mundo e por outro lado o das bandas que falam apenas de surf, praia e histórias de amor? Você acha que os dois lados podem conviver em harmonia?
Diamba: Como você deve ter percebido, em todos os nossos discos há um pouco de tudo isso que você falou. É só ouvir que está tudo lá. Acreditamos que toda a manifestação musical deve existir, porque é perfeitamente aceitável a convivência de todas as poesias que passeiam pela cabeça de um artista. Tenha ela um caráter de protesto inflamado, de amor, cotidiano ou uma boa roda de música com os amigos. Tudo é válido, desde que seja uma atitude construtiva!

Rafael Surforeggae: Foi um prazer trocar essa idéia com vocês, é sempre bom saber o que se passa na cabeça das pessoas que fazem o Reggae no Brasil. Eu gostaria agora que vocês deixassem uma mensagem para os visitantes do Surforeggae e para os fãs de vocês, que por sinal são em grande número.
Diamba: Para nós é muito bom poder falar com vocês e com a grande massa regueira que está colada com o Surforregae. Este poderoso veículo de comunicação sempre nos apoiou e cumpriu o papel de divulgar o reggae, o surf e o forró em todo o Brasil.
Queria aqui convidar a todos que compareçam ao Teatro Odisséia todas as terças de julho, aqui no Rio. Estaremos em MG (Divinópolis e Bom Despacho) agora nos dias 18 e 19 de julho de 2008. Nesta terça, no Odisséia, contaremos com a preciosa participação de Da Gama (do Cidade Negra) e o In Natura, para abrilhantar a noite. Muito obrigado e Positive Vibrations. Swing nas pistas!

MAIS INFORMAÇÕES


 Clique aqui e saiba mais sobre a banda no Surforeggae.
 Site Oficial: www.diamba.com

CLIQUE E OUÇA


Clique e ouça "Eu Piro Quando Você Passa" (ao vivo).


Fonte: Rafael Surforeggae





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