Errol Barrett, ou Akila Barrett como é mais conhecido, é um grande cantor, músico e compositor da nova geração e que tem o Reggae literalmente no seu sangue, sendo filho do maior baterista de todos os tempos da música jamaica - Carlton Barrett, que tocou com Bob Marley & The Wailers. Carlton foi assassinado em 1987, mas deixou no filho todo o seu talento. Saiba um pouco mais sobre Akila nessa entrevista exclusiva cedida ao Surforeggae.
A ENTREVISTA Rafael: Saudações Akila. Primeiro, obrigado pela oportunidade. Como de costume nas minhas entrevistas, sempre começo pedindo que o artista fale um pouco do seu começo. Como surgiu o seu interesse pela música? Akila: Eu me lembro de músicas desde que eu era pequeno, quando as ouvia no rádio da minha Avó. Além disso, a minha mãe tinha LPs (Vinis) muito bons, os quais eu estava sempre escutando. Um fato que também influenciou foi meu pai sempre me levar para o estúdio de gravação com ele. Foi assim que eu conheci o que era a música e tive interesse por ela.
Rafael: O que você espera dessa nova geração de artistas? Akila: Eu realmente espero que eles cantem e escrevam músicas que vêm do coração. E que aprendam tudo o que os artistas veteranos deixaram antes de nós.
Rafael: Como filho do grande baterista Carlton Barrett, quais foram as lições mais importantes de você aprendeu com ele e com seus amigos? Akila: Uma coisa extremamente importante que aprendi foi respeitar a música e não ser uma pessoa falsa.
Rafael: Você mantém alguma relação de amizade com a Família Marley? Akila: Não!
Rafael: Se você não fosse um músico, o que seria? Akila: Eu seria um médico.
Rafael: O que você acha da briga de Aston ’Familyman’ Barrett (seu tio) na justiça pelos direitos autorais das músicas que ele e seu pai participaram na época dos Wailers com Bob Marley? Akila: Eu acho que o juiz foi subornado, por isso nós perdemos o caso.
Rafael: Nos fale um pouco da experiência de ter sido cantor dos The Wailers por um tempo. Akila: Eu apenas cantava músicas de Bob Marley... pra mim era ok... (falando como se sentisse que falta nos Wailers de hoje novas músicas, e não apenas fazer cover de Bob).
Rafael: O que você está preparando para nós? Sabemos que você tem estado na Argentina trabalhando no seu próximo álbum. Akila: Eu estou trabalhando em dois novos álbums, um de reggae raiz e o outro Rhythm & Blues, Funk, Pop, Rock, Soul...
Rafael: O que o seu primeiro álbum representa para a sua carreira? Akila: Ele mostra para o mundo que eu fui abençoado com o dom da música, não apenas como cantor, mas produtor, arranjador, compositor e músico.
Rafael: Como você define o seu estilo de Reggae? Akila: Sem dúvida reggae de raiz.
Rafael: Você tem alguma opinião a respeito da onda do ragga e dancehall que invadiu a Jamaica? Akila: Pra mim é uma nova geração de músicos, e assim como em tudo, uns são bons, outro ruins.
Rafael: O que você acha das letras racistas e anti-homossexuais proclamadas por alguns artistas Jamaicanos? Akila: Eu não estou aqui para julgar ninguém. Eu faço o que é certo do ponto de vista de Deus.
Rafael: Você acha que o Reggae está perdendo as suas raízes? Akila: Sim, de fato!
Rafael: Nos fale um pouco a respeito da experiência de conhecer o músico brasileiro Gilberto Gil. Ele fez uma entrevista com você sobre o estilo ’one drop’ (Estilo de tocar bateria inventado pelo pai - Carlton Barret). Você pretende gravar com outros artistas ? Seja brasileiro, jamaicano, ou qualquer outro? Akila: Gilberto Gil sempre foi um grande amigo do meu pai, do meu tio (Aston Barret) e meu. Eu acho que ele é o melhor artista Brasileiro vivo atualmente. Eu desejo um dia gravar com vários músicos brasileiros sim.
Rafael: Como você define a importância do Rastafari na sua vida? Akila: Rastafari é um modo de se viver, o modo como precisamos viver... de forma natural e respeitando a natureza.
Rafael: Nós sabemos que você toca diversos instrumentos. Onde você aprendeu? Akila: Eu aprendi sozinho a tocar os instrumentos. Primeiro eu aprendi a tocar bateria, e no tempo em que eu senti que a música jamaicana estava mal falada, eu decidi tentar fazer uma mudança trazendo-a de volta às suas raízes.
Rafael: Nos fale dos seus músicos preferidos. Akila: Gosto muito do Steel Pulse e do Luciano. Eu sinto no som deles a verdadeira música. E quando eu sinto a música, eu a amo.
Rafael: O que você acha da relação Reggae x Ganja? Akila: Para fazer um bom reggae, nós precisamos dela. Nos ajuda a meditar melhor. Mas o que é importante de se lembrar é que a usamos como uma erva espiritual, e não com outros intuitos.
Rafael: Você conhece bandas brasileiras? Quais? Akila: Eu conheço muitas, mas não sou muito bom para lembrar nomes (risos)
Rafael: Suas habilidades musicais são inquestionáveis. Mas, você sente que tem um ponto fraco que precisa corrigir? Qual? Akila: Sim, a minha voz pode melhorar.
Rafael: Seu primeiro álbum é muito popular entre o público que se aprofunda mais no Reggae, mas não entre a grande maioria que é de pessoas que não vão tão a fundo. O que você acha que precisa para levar seu trabalho a mais fãs? Você concorda que a mídia algumas vezes pode ser mais significante que o trabalho e as habilidades do artista? Por que você acha que grandes músicos como você não estão na mídia de massa? Akila: Sim, a mídia é muito poderosa. Nós estamos vivendo num tempo onde o dinheiro literalmente fala, portanto se não estivermos trabalhando junto com um grande selo fica mais difícil. O Reggae é a batida do coração das pessoas.
Rafael: O que você anda ouvindo ultimamente? Akila: Eu gosto muito de Bossa Nova, Jazz, Funk, Reggae, Disco, Soul, World Music...
Rafael: O que você acha de outros bateristas tocando em alguns momentos num estilo bem parecido com o do seu pai, tais como Mikey ’Boo’ Richards e Balengola Richacha? Akila: O que é bom é espelhado. A Revista ’Baterista Moderno’ elegeu Carlton Barret o melhor baterista do mundo. Como outros exemplos disso, posso citar o cantor Prince que utilizou samplers do meu pai na música ’Blue Light’ e o baterista do grupo The Police que gravava o meu pai tocando e diz que aprendeu com ele.
Rafael: Nos fale um pouco sobre a sua família, o lugar que você cresceu e os amigos que cultivou. AkilA: É bastante coisa pra se dizer. Eu irei escrever um livro sobre a minha vida, e espero que os meus fãs gostem. Surpresa.
Rafael: Akila, muito obrigado pela entrevista. Manda uma mensagem para os visitantes do Surforeggae e a todos que respeitam o seu trabalho. Akila: Quero dizer aos visitantes do Surforeggae para se manterem fortes pois Jah vive para sempre. O Reggae irá conduzir todos ao caminho para Sião (Zion).
MULTIMÍDIA Clique aqui e veja Akila Barrett com o clipe "Changing People".
Fonte: Rafael Surforeggae
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