Confira agora a entrevista de Rafael Surforeggae com Nell. Saiba suas ideologias, projetos e o que rolou na carreira desta artista desde os tempos de Mr. Colin e Antibabylon, até as grandes participações nos dias de hoje.
A ENTREVISTA Rafael: Eu gosto sempre de perguntar sobre como tudo começou, afinal muitas pessoas ainda não conhecem o trabalho de um artista, por mais famoso que ele seja. Como foi o seu começo na música ? De onde surgiu o interesse e quais foram os motivos que a levaram a seguir essa carreira? Nell: Eu sempre fui desenhista e artista plástica, comecei fazendo camisetas e flyers para uma banda "Espelho Noturno", o vocalista dessa banda morreu, e eu acabei ficando no lugar por acaso, tinha show marcado e eu sabia todas as músicas, os caras queriam um homem no vocal, mas acabei ficando dois anos e hoje só eu continuo na música.
Rafael: Com que artistas e bandas você já trabalhou ? Nell: Em ordem cronológica: Mr. Colin, Antibabylon, Jai mahal, Dagô Miranda, Edson gomes, Primitive, Harold Caribbean, David Hubard, Nengo Vieira, fora participações em shows com Tchagas, Walking Lions, Andrew Tosh, Erick Donaldson, Honey Boy, entre vários outros.
Rafael: Por que o interesse em trabalhar com artistas de Reggae ? Nell:Teve um momento na minha carreira solo, eu tinha uma banda chamanda "Neoandertal", estava muito difícil fechar show, estava meio estressada e resolvi aceitar o convite do Mr Colin pra fazer back vocal, foi só então que conheci Bob Marley e me apaixonei, daí em diante todo show que eu fazia vinha um menbro de alguma banda e me chamava pra cantar ou gravar, daí em diante segui com o reggae. E detalhe que com certeza meu interesse não foi pelo dinheiro, pois é bem difícil ganhar algum fazendo Reggae.
Rafael: Você pensa em investir numa carreira solo novamente ? Como cantora em uma banda de Reggae ? Nell: Sim, penso nisso quase que diariamente, quando comecei a gravar esse CD solo eu não tinha conhecido ainda o Reggae, lembro que o Arthur Maia tinha acabado de gravar o DVD com o Gilberto Gil, aquele que foi gravado na Jamaica, aí eu perguntei pra ele se ele sabia tocar reggae, (mico) resolvemos de última hora fazer um reggae, o problema é que reggae não é só um estilo musical. É uma filosofia de vida ! Não vou fazer como muitos artistas que fazem reggae de qualquer jeito, tem que transmitir uma mensagem, e eu não sou boa compositora, penso em gravar um CD só de reggae mas com composições de quem entende da filosofia. Há pouco tempo atrás falei com o Gerson da Conceição, ele me ligou elogiando o meu CD e eu falei pra ele que ele seria o produtor do meu próximo álbum e ele gostou da idéia.
Rafael: Você já foi discriminada alguma vez por cantar e viver o Reggae ? Nell: Sim, tenho muitos amigos músicos, roqueiros, punks, etc... quando os convido para assistir um show de reggae alguns torcem o nariz, mas a grande maioria gosta.
Rafael: Como você caracteriza o cenário nacional para a ascensão de um músico independente ? Você acha que existem estímulos ? Nell: Tudo é questão de trabalho, iniciativa e um mínimo de capital, gravadora não é tudo e às vezes ao invés de ajudar atrapalha, tenho no mínimo quatro casos de amigos próximos que descolaram grandes gravadoras e não aconteceu nada. Pesando os prós e os contras, gravar CD independente dá bem menos trabalho, você visualiza melhor onde, como o seu CD está sendo veiculado, e quanto vendeu, etc. É lógico que a falta de mídia atrapalha, mas a Tribo de Jah nunca precisou de muita mídia e vem se mantendo aí firme e forte por exemplo.
Rafael: Quais as principais fontes que você se inspirou até criar o seu próprio estilo ? Nell: Bem, eu cresci em Pirituba, periferia de Sampa, já viu né, minha primeira influência foi de "Black music", samba, rock, essas coisas, tá no sangue! Depois comecei a ouvir rock com um namorado, conheci Jimmy Hendrix, Led Zeppelin e vi que no rock também tinha negritude. depois veio o Reggae, aí já viu. meu estilo e uma fusão desses estilos, black , rock e reggae.
Rafael: Antes de seguir a carreira musical, quais eram as suas ocupações ? Nell: Eu tive poucos trampos na área de artes (desenhista, arte-finalista, ilustradora) o último foi num banco onde trabalhei por seis anos, daí comecei a ganhar dinheiro com a música. Cheguei a me formar (Letras Inglês e Portugues). Quando eu ficar mais velha, se for preciso eu serei professora.
Rafael: As suas atividades na área da música conseguem te dar o sustento ? Ou ainda é muito difícil conseguir algo nessa área, principalmente falando do Reggae que é um ritmo discriminado ? Nell: Não, nem de longe, se eu fosse viver de música passava fome... com o reggae então... a discriminação vem dos donos de casas de show, eles acham que todo regueiro é pobre e maconheiro. Por exemplo, era pra ter acontecido um mega evento de reggae pela prefeitura no começo do ano, eu iria cantar com duas bandas, no final a prefeitura não autorizou e sem opção de espaço físico o evento foi cancelado.
Rafael: Agradecemos pela entrevista e esperamos ouvir em breve sobre o seu novo CD. Muito sucesso na sua carreira e continue disseminando a mensagem do Reggae. Caso queira deixar uma mensagem para os visitantes, o espaço é todo seu. Nell: Eu é que agradeço!!! Depois de tantos anos cantando reggae sabia que podia contar com esse site que curto tanto. Aprendi muito lendo as matérias, não saía de cada sem consultar a agenda. Muito obrigada Rafa e Surforeggae ! Aos visitantes do surforeggae eu só posso dizer que "Se a música silenciasse para o mundo, o mundo deixaria de sorrir..."
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Fonte: Rafael Surforeggae
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